sábado, 10 de abril de 2021

Crônicas pandêmicas 2

Então, onde havíamos parado? Ah, me chamo Angélica, tenho 33 anos. OMG, acabou a porra do álcool em gel. Bom, vamos tentar fazer os dois, comprar o álcool e ver se tenho uma fucking ideia genial. Deixa eu pensar qual farmácia eu vou. Sim, vou na Panvel da rua XV, como sempre. Gosto de ir lá tem vários cosméticos caros pra eu passar no cartão de crédito e entrar em crise no fim do mês. Bora lá! 

A compra foi rápida e uma fominha bateu. Então pensei, vou comprar alguma coisa pra almoçar, mesmo que não sejam nem 11h da manhã, afinal eu sou adulta e almoço a hora que quiser! Meu corpo, minhas regras. Que tal uma refeição balanceada pra levantar a imunidade, uma indicação de 10 entre 10 nutricionistas? 

Perfeito. Entro no McDonalds da Rua XV. O que me traz uma nostalgia, os méquinhos da infância. Mas, a loja está diferente, vários totens de auto atendimento. Mais desempregados, penso. Me dirijo ao totem. A moça que cuida da fila pergunta se quero ajuda. Eu agradeço e penso, aff...Ajuda? Eu mexo em código fonte, html5, já trabalhei em departamento de tecnologia, eu sou a fodona da tecnologia. Meu bem, eu sou geração Y. Fico uns minutos sem entender direito como faço o pedido. Eu já havia usado esse totem em viagens fora do Brasil. Olha, eu...Burguesinha safada. Viagens fora do Brasil. Bom, consigo agilizar a compra. Peço o de sempre, quarteirão com queijo e me dirijo ao balcão. Indo para o balcão paro aleatoriamente entre um rapaz e um casal. Eles me olham, eu vejo que não estou nas faixas de demarcação. Prontamente mudo de lugar. Afinal, distanciamento social. Imaginem me confundir com um negacionista. Me envergonho por alguns segundos. De repente entra um rapaz. Ele não só fica fora do local demarcado, como arranca uma faixa de segurança e senta-se em uma mesa que estava bloqueada. Eu fico encarando o rapaz com um olhar de desaprovação. E pensando o que os outros estão pensando sobre mim e sobre ele. Algo do tipo, um pior que o outro. A moça do Mc solicita que o rapaz saia da mesa e vá para fila.  Ele se enrola e por fim dirige-se ao local indicado. Minha senha é chamada. Pego meu Mc e a moça dá o copo de refrigerante. Além de não ter um suporte, o refrigerante está sem tampa. Solicito uma tampa. Ela disse que vão pegar no estoque. Desisto da tampa e resolvo ir tomando o refrigerante. Primeiro e doce gole de uma coca-cola de máquina mal regulada. Pouco gás e muito xarope. E lá se foi uma manhã e nenhuma ideia genial. Seguimos...

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