sábado, 19 de dezembro de 2015

Um breve adeus

Era uma vez um buraco
Um rasgo de tristeza
Solidão em forma de gente
Seus pés não tocavam mais o chão
Sua vida, finas linhas nas mãos envelhecidas
Enegrecidas com o tempo
Desmanchando com o vento do olhar
A morte ocupa o meu corpo
Sou um apartamento sem alma
Um buraco sem fim
Choro para te dizer...
Que choro
Derramo noite e dia
Era uma vez a tristeza que habitava em mim...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Cinza

Doer arde
Arde na alma
Queima
Sou pó
Sou cinza
Tristeza em forma de gente

Gotas

Poderia não estar chovendo
Mas, choveria
Me desmancho em gotas
Que por sua vez se desmancham


domingo, 27 de setembro de 2015

valsa das bailarinas cegas

Abre-se a floresta das bailarinas cegas
Em cantos estrelas cruas brilham 
Eu matei a noite e ela renasce em águas pratas
A flauta dos pássaros e a fé das jovens borboletas
Pequenos anjos de cerâmica e os grilos azuis tocam na noite canções de um beijo curto
Bailarinas escorregam suas patas nuas
Eu caio nas fagulhas da noite e mato tempo entre flores e faces
Signos do amor
Brancura da noite
Eu mato meu tempo entre faces
Espero um beijo macio
Somos meninos de um paraíso escondido
O sonho atravessa como um pássaro de asas azuis
As gotas torcidas do véu da lua
Abro os olhos dentro de um balde de água
Eu matei meu tempo em faces
Estalo os dedos e acordo num barril de pólvora dentro do coração do pequeno rei
O rei das telas com suas imagens coloridas em preto e branco
Eu matei meu tempo no baile da madrugada

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

um dia

Quando o encontro se dá
Quando nos damos
Nos deixamos penetráveis 

Um balão de ar de festa colorido atravessa o salão
A ventania e a areia das construções raspam a pele
O sol queima cumprindo sua função entre a vida e a morte
Um pedaço de pão rola para o asfalto esmigalha se 

O que me interessa sobre eles?

domingo, 30 de agosto de 2015

Ardo

Não sei se passo desse inverno
Não sei nem se chego até amanhã
A vida anda matando
E doer é cotidiano
Ardo e explodo
Eu era

cotidiano

Respirei um otimismo
Foi se tudo
Num espirro

triste

Entre o calor e a poeira
a tristeza paira no ar...

terça-feira, 18 de agosto de 2015

:)

Sinto dores
Meus músculos
Meus nervos
Estou doente
Triste
E calada
Desenho como as meninas desenham um sorriso no rosto de um Monet
Estou sem contornos
E perdendo minhas cores
Desapareço com as lágrimas
E já não sou mais nada

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Solidão 2

Sentia a morte espreitar
As pálpebras pesadas
Olheiras fundas
Ausência de fome
O clichê da dor
Sufoco angustiante
Estava á beira do abismo
O mergulho profundo e certeiro
Infinito sem cor
O vazio rasga
Estremece a garganta
A saliva escorre
As palavras morrem
O olhar triste e apagado é um adeus de sua alma
Estou só
Completamente imersa no infinito da solidão


Solidão

Existem três caminhos
Não
Não existe caminho
Apenas um buraco
Não
Não existe buraco
Apenas o vazio
Negro
Frio
Dilacerante
Existe o medo
Uma língua enorme e grossa que tenta levar você
Engolir
Você
Então você chora
Chora suas lágrimas artificiais
Suas lágrimas de cena
E você morre
Mas seu coração não para
Ele bombeia sangue para o seu corpo
Você está de pé
Sozinho
Engolido
Vivo
Você não é nada
Densa areia negra o soterra
No escuro
Os olhos flamejantes do demônio
Você o vê
E vê a si mesmo
O amor é uma lembrança remota que se desfaz a cada segundo
O vazio
Então
O engole
Para sempre

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O balão

Pingos pingos
de mel escorrem dos dedos
No cesto do balão
paisagens de todas as cores
A boneca abre um sorriso
em seu reino os desafios são outros
mas temos cuidado
Eu conheço seus segredos
e sei em quais buracos escondem-se
Existe um limite entre ficção e realidade
Mesmo assim eu posso sorrir
abrir um sorriso em seu rosto
Pingos pingos
de mel escorrem dos braços
Pêlos e cabelos artificiais
balanço seu corpo
frente e trás
Bem vindos pássaros de inverno
O calor nos faz voar
enquanto o frio nos atravessa
Miracle miracle
Eles repetem
É o ultimo spray do verão
Pingos pingos
de mel escorrem do pescoço

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Eu e você

Procurei as palavras dos poetas mais bonitos
Não encontrei
Não cabia em mim
Não há metáfora
Não há palavra
Só é o que é
Explode a palavra
É mais
Muito mais
Quando é
Eu e você

sexta-feira, 24 de abril de 2015

deixar de ser

Eu queria ser
invisível
distante
penetrável
Eu queria ser algo
que não fosse eu
Eu queria me abandonar
me esquecer
me afogar

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Uma quarta feira

Fecho os olhos e vejo aquarelas
Que se desfazem
E refazem
Pétalas
Sem contornos nítidos
Cores
Se fundem
E se separam
Olhos fundos e corroídos
Dentes de uma antiga caveira
Silêncio
Pousa uma pluma