sexta-feira, 4 de junho de 2021

No reino tão tão distante

 No mosaico delirante de exibições nas redes sociais eu vejo um mundo paralelo. Sim, um mundo paralelo com um reino tão tão distante onde príncipes e princesas vivem suas vidas regadas a viagens e a fotos lacradoras enquanto do outro lado há um mundo onde milhares morrem e o caos  e a tristeza imperam. 

Me perguntei diversas vezes se eu sentia inveja desse reino dos lacres fotográficos e cheguei a conclusão que de certa maneira sim. Porque meu desejo é que todos possam desfrutar os prazeres desse reino tão tão distante.

Eu vejo os príncipes e as princesas desse reino tão tão distante com discursos afiados sobre budismo, amor e todo o combo gratiluz. Mas, durante a pandemia o amor ao próximo e a empatia parecem que são suplantados pelo chamado "amor próprio" e "autocuidado". Sim, existe um nome e conceitos diatorcidos para toda falta de empatia e exibição desenfreada de privilégios. Porque a saúde mental dos príncipes e princesas não pode ser abalada.

Sim, exibir todo seu privilégio em momento de pandemia é falta de respeito, é um delírio inescrupuloso e maldoso. Não, não estou falando de você que posta um copo de cerveja depois de uma semana de trabalho com a hashtag sextou. Estou falando das pessoas que vivem no mundo das maravilhas. Estou falando de gente que nem sabe que existe um outro mundo. Estou falando da desigualdade social que cada dia mata de forma tortuosa milhares e milhares.